domingo, 20 de abril de 2014

O Eu & eu (parte 03)




 

29. Não me parece nada humilde aquela frase: ”ninguém vai ao Pai senão, através de mim”...

Usar um trecho de um texto, sem entender o contexto, é mais do que um desleixo. É um desrespeito.

Já se esqueceu das seguintes palavras de Jesus: “Não julgueis para não serdes julgados...”?

Mesmo com as inúmeras traduções, revisões e omissões das escrituras ao longo de séculos, não é difícil perceber que Jesus não falava de si mesmo. Ele mesmo justificou-se por ensinar através de parábolas – Ele sabia que temas abstratos e de profundidade intelectual, deveriam ser levados à reflexão por cada ouvinte. Que instrumento mais belo e simples para ensinar sobre a Criação de Deus, do que histórias - cujo conteúdo adequava-se a realidade da época vigente e a simplicidade do povo que vinha de longe, apenas para ouvir.

Inúmeras foram às vezes que Jesus chamou a atenção das suas palavras: “Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado essa o julgará no último dia. Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu mandamento quanto ao que dizer e como falar”. A frase que você citou, não foi um arroubo de vaidade de Jesus, alias, faz parte de um assunto que já havia sido respondido.

Lembra quando disse: “cada um traça o seu próprio caminho – afinal, não é a ordem dos caminhos que importa, e sim, o que se faz em cada caminho”. Agora vamos a Jesus quando Ele disse: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também. E para onde eu vos vou conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Ou pelo caminho Dele (perdão, amor ao próximo e caridade), se preferir...

30. E que caminho é esse?

Todo caminho percorrido cujas atitudes não afligem a consciência de quem o pratica, nem a de teu semelhante, é o verdadeiro caminho.

31. Como posso saber se o que estou fazendo, de alguma forma pode afligir o meu semelhante, se nem eu mesmo me conheço o suficiente?

Tudo na natureza evolui através da somatória das escolhas. Não se trata de um jogo de certo e errado; o livre-arbítrio associado aos princípios e educação pessoal dará a cada escolha, a autoconsciência de percorrer mais próximo ao verdadeiro caminho, ou mais longe – a dor e o sofrimento são apenas “sensores de reflexão” que sinalizam a interdependência do que fizer com o que cada semelhante teu faz; ninguém evolui em detrimento de outrem, mas todos (de alguma forma) estão evoluindo pelo que possuem em comum, mesmo que não estejam conscientes de suas afinidades. Não lhe falei que tudo já existe em perfeição e harmonia? , e o que é a evolução senão, a gradual autoconsciência desta harmonia, galgada por cada um em seus respectivos esforços de compreender a ti mesmo, e o teu semelhante.

32. Em outras palavras: terei que descobrir por mim mesmo...

Nada melhor do que citar um profundo pensamento de Albert Einstein:

“O sentimento mais jubiloso que podemos experimentar é o de mistério. Ele constitui a emoção fundamental que se faz presente no berço da verdadeira ciência. Aquele que não o conhece, que não é mais capaz de se maravilhar, de sentir admiração, está praticamente morto”.

33. A vida é tão cheia de mistérios, que parece que Deus não quer que descubramos as respostas, apesar dos nossos esforços, pois, a cada resposta encontrada, surgem mais perguntas... Qual é o propósito disto?

Deus não dificulta a compreensão da vida, mas sim, o próprio ser humano. Pois este se esquece de contemplar a simplicidade da natureza, e o silencio dos teus pensamentos, onde repousam todas as respostas - em que o Eu de cada um serve em conformidade com a atenção, liberdade e intimidade que recebe.

34. Ou seja, somos culpados da nossa própria ignorância?

Pelo contrário. Sois abençoados por discernir a existência da ignorância no âmago de vossas mentes. Todos, em algum grau, são ignorantes a respeito de algo (não importa o que, nem quanto), pois esta autoconsciência de carência de conhecimento é o que faz todos não se acomodarem e assim, evoluírem...

35. Contudo, parece mais um jogo de adivinhação em que Deus colocou a humanidade num imenso labirinto, e milhões esbarram-se em todas as direções, tentando encontrar o verdadeiro caminho. Já que todos vão chegar ao paraíso, mais cedo ou mais tarde.

Já disse que o paraíso não é um lugar, mas, um estado de autoconsciência que deve ser conquistado (e vai, pode ter certeza!). Se Deus quisesse fazer da vida, um jogo de adivinhação, a consciência de Sua existência (ou de uma causa maior) nem existiria na mente humana; todos pensariam que tudo é obra do acaso, e que tudo o que há, tem sua vida própria e aleatória. Já parou pra pensar em como o ser humano seria pateta, sem a noção de Algo maior por detrás de tudo?

36. Mas a vida parece um caos: todos querem impor suas ideias sobre a de outros, uma guerra infindável entre o certo e o errado; a ciência vive em luta contra a religião, e ambas vivem em luta com a ética e a moral, e que também não se entendem com os políticos e governantes, que por sua vez, vendem-se diante de interesses econômicos, frustrando as promessas feitas aos seus eleitores. Resumindo: que nó difícil de desatar?

Apesar da tua visão sombria, o que mantém as pessoas neste estado de conflito, é a sua inércia mental – o livre-arbítrio é como um canivete suíço que pode ser usado para auxiliar nas mais diversas necessidades. O ser humano se acomoda com muita facilidade quando está bem, e apenas sai desta inércia quando algo o incomoda pessoalmente (na verdade esta é uma atitude bem egoísta). Existe uma vida que depende da coexistência de ideias de todos, sobre todos.


Há séculos atrás, esta dificuldade até seria compreensível, pois as ideias apenas eram compartilhadas através de mensageiros a cavalo. Hoje há a Internet, TV, telefone, rádio, etc. o que existe ainda, é a falta de uma consciência coletiva: os políticos só fazem o que fazem, porque não há pressão do seu eleitorado e dos empresários que são induzidos a financiá-los em troca de menos impostos e licitações, o que faz os governantes diminuir os conflitos sociais, fazendo com que a ética e a moral fiquem restritas à reflexão filosófica, no lugar do que é realmente benéfico à humanidade, como um todo.

37. Se for tão simples assim, por que não acontece?

Mas, acontece. É um processo de aprendizado silencioso, que está tomando cada vez mais força em todo o planeta. Um exemplo claro é as inúmeras organizações e voluntários dispostos a retomar a saúde do planeta Terra, que havia sido negligenciada nas desenfreadas competições militares, políticas e financeiras de inúmeros governos (extintos e atuais); outras frentes (não menos importantes), encabeçam movimentos em prol da pesquisa e cura de doenças, assim como, o esforço internacional para diminuir o sofrimento e a fome de milhões de pessoas no mundo. Se parar um pouco e refletir, perceberá que humanidade evoluiu no século XX, muito mais do que nos últimos 70.000 anos. Digamos que a evolução humana esta galgando a sua própria “pré-adolescência”.

38. Somos tão imaturos assim?

Não disse isto. A humanidade já dispõe de um enorme conhecimento tecnológico e científico; veja-a como um pré-adolescente, cheio de vitalidade, coragem, disposição, ansiedade, vaidade, insegurança, duvidas, etc... mas que não tem certeza do que quer ser, que caminho tomar e com quem vai querer compartilhar a sua intimidade – seja o melhor ou pior estudante, rico ou pobre, viva num país de 1º ou 3º mundo. Esta sensação silenciosa de angustia e solidão serão temporárias, mas necessária para definir o teu papel na vida.

Assim como não é justo julgar uma pessoa isoladamente sem levar em consideração o seu meio ambiente (família, colegas, cultura, religiosidade, etc.), também não é justo julgar a humanidade, pelas atitudes isoladas de poucos. Cada nação, estado, cidade, bairro, rua, vila, casa, tem uma identidade própria. As pessoas não mudam de lugar simplesmente para ganhar mais, mas porque sabem que onde estão não lhes completam o suficiente, e que há mais pessoas para se relacionar, aprender e realizar-se junto a elas (e graças a elas).

Todos precisam uns dos outros, para amadurecer e evoluir, ninguém cresce sozinho. Na verdade, não há evolução pessoal; quando você evolui, alguém também evoluiu e vice-versa (mesmo que você não se de conta disto); o ser humano sempre continuara evoluindo pelas atitudes “positivas” ou “negativas” de teu semelhante. Já se esqueceu da lei de causa e efeito?

39. Então existe algum tipo de evolução pessoal em escolher uma religião entre tantas?

Sim, mas não pela religião escolhida, e sim pelos motivos pessoais. Muitas pessoas estão de certa forma, compartilhando um mesmo nível de evolução, mas, pertencendo (ou não) a ordens religiosas diferentes.

40. Quer dizer que tanto faz se eu sou judeu, mulçumano, cristão, espírita, budista, etc.?

Sim, com relação a ser, mas não com relação ao que faz sendo o que é. Afinal, em que de melhor uma pessoa se torna ao castigar e até matar teu semelhante, em nome da tua religião?

Se o Criador quisesse punir alguém, por que deu aos seus filhos o livre-arbítrio? Amar o Criador e venerá-lo é natural, pois todos são expressões viva Dele. Não há como amá-lo verdadeiramente, sem amar o teu semelhante. O Criador jamais impôs um amor igualitário a todos; cada um deve amar dentro do que pode e o quanto pode, o que importa é amar! Esse amar vai além de amar ao próximo, mas cada ser vivo, cada coisa no universo, cada ciência, cada religião, cada filosofia, cada literatura, cada melodia... Assim como não se aprende a correr, sem engatinhar, também não se aprende a amar tudo e todos, sem quedas e tropeços.

41. Certo. Mas como é que se concilia a ciência e a religião nesse amor?

Na verdade, elas são mais unidas do que parecem ser...

42. Unidas? A ciência vive com “os pés na terra” e a religião com “os pés na espiritualidade”, como eu posso unir a geometria ou física quântica nas questões de fé e, as orações e livros sagrados nos tratados científicos?

Na verdade sempre pôde. Enquanto não perceberes que a “diferença” entre elas está mais nas pessoas envolvidas com elas do que nas suas naturezas. Vou tentar ser simples:

A fé (embora muito explorada), não tem necessariamente natureza religiosa, mas tem haver com confiança. Um cientista busca por essa fé nas suas pesquisas (ele pode ainda não ter comprovado um determinado principio, mas sabe que está no caminho certo; a sua fé está baseada nas evidencias que ele dispõe; tal como uma equação, ele sabe que uma variável tem um valor – não importa qual – mas ela existe, mesmo que a equação não esteja completa). Os livros sagrados (sejam quais forem), também não têm necessariamente natureza religiosa, mas fundamentalmente literária. Há diversas ciências envolvidas como a linguística, história, política, filosofia, geografia, arquitetura, direito, sociologia, arqueologia, matemática (todo idioma é fundamentado em princípios matemáticos usado pela cultura de um povo em questão), etc.

Ou seja, antes de começar a escrever um “texto sagrado”, foi necessário um mínimo de conhecimento científico, (como a escrita); a compreensão dos hábitos e costumes do povo em questão (como a noção das leis vigentes, da geografia do lugar que se escreve, do idioma que usa para produzir o texto a fim de atingir um povo ou cultura especifica); a narrativa do texto deveria se adaptar ao tipo ideia a ser divulgada: normativas (em forma de leis); filosóficas (conceitos de pureza e perfeição, parábolas e simbolismos); biográficas (relatando a vida e caráter do povo ou personagem em questão); políticas (ressaltando acordos, guerras e domínios); geográficos (descrevendo continentes, rios, fenômenos metrológicos e etc.); biológicos (referente à linhagem hereditária, pragas e doenças); astronômicas (calendários, referências a constelações, planetas e cometas); matemáticas (compreensão de sistemas de numeração, proporção, moedas, pesos e medidas.

Há muitos anos tanto religiosos e cientistas sabem que, muitos “fenômenos espirituais”, na verdade eram neuropatias (tumor cerebral, esclerose, epilepsia, sonambulismo, estresse e AVC), endopatias (disfunção/hiper função ou tumor nas principais glândulas como tireoide, pituitária, pineal, suprarrenais), isto sem contar as inúmeras viroses desconhecidas à época dos povos antigos, e que muitos fenômenos “espirituais”, na verdade são expressões da mente subconsciente que detém boa parte da Mente Divina.

Ou seja, enquanto a ciência não fizer a distinção de cérebro e mente, não compreenderá que o cérebro é apenas um órgão e a mente é muito mais do que as atividades neurológicas; sem contar que mente e pensamento não é a mesma coisa como muitos pensam.

Enquanto os religiosos se apegam a salvação através das suas liturgias e os cientistas perscrutam universo afora atrás de respostas para a origem do mesmo e o seu destino, ambos esquecem-se do mais simples, precioso e importante: o próprio ser humano.

Sócrates já havia dito: “- Conhece-te a ti mesmo, e conheceras o universo e os deuses”; mais tarde, Jesus disse: “- O Reino dos Céus está dentro de vós”.

A chave para entender chama-se: Reflexão.




(continua)

O Eu & eu (parte 02)







18. Este “intervalo” ou ciclo, quer dizer: reencarnação?

Sim. Apesar do termo “reencarnação” não ser precisamente correto e, erroneamente compreendido por diversos adeptos de sua filosofia ou crença – sem contar as diversas variações da sua interpretação e finalidade.

19. Filosofia? Mas, não é a reencarnação parte de estudos religiosos, sendo então, um principio religioso e uma questão de fé?

A fé e a religiosidade tratam da esperança inata ao ser humano e na padronização de respostas a temas abstratos da consciência humana contemporânea, respectivamente.

20. Pode ser mais claro?

A abstração não é necessariamente uma questão de fé ou religiosidade; a reencarnação é tão simples e abstrata quanto à 2ª. Lei de Newton. Ou seja: é fácil descrevê-la, citá-la e decorá-la, mas, não veem a sua essência embora, possam usufruir dos seus princípios na vida.

21. Então, a reencarnação é uma lei de causa e efeito?

Pode-se dizer que sim, porem não tão inflexíveis quanto à 3ª. Lei de Newton.

22. Então há exceções na lei da reencarnação?

Não há exceções na Criação de Deus. A reencarnação é apenas um principio de transformação e evolução da Sua Criação. Lembra quando disse que tudo já existe em perfeição e harmonia? Pois é, é essa harmonia que contagia o intelecto humano, e o excita constantemente a pensar no “porquê” das coisas. A causa e o efeito de tudo estão no mesmo lugar – não vão ou veem de lugar nenhum.

Nem sempre o ser humano consegue perceber a causa ou o efeito de uma ação, sem contar quando frequentemente, associa uma causa a um efeito erroneamente e vice-versa.

23. Se a reencarnação existe, por que há tanta polemica quanto a sua veracidade e conflito com a vida eterna após a morte?

Duas palavras: medo e orgulho.

24. Como assim?

Medo, porque frustra na mente das pessoas a esperança de alcançarem o paraíso e reencontrarem-se com seus entes queridos, logo após a “morte”. Orgulho, porque ameaça a credibilidade de instituições religiosas e do caráter de seus membros, além de ameaçar seus poderes financeiros e políticos.

25. Então Jesus é um mentiroso? Pois ele prometeu que, com o nosso arrependimento e batismo, haverá a salvação das nossas almas e a entrada no paraíso.

Jesus sempre falou a verdade. Você já se esqueceu das palavras: “O Reino dos Céus está dentro de vós”. Pois é, O Reino dos Céus é o paraíso e ninguém nunca o perdeu, e nem vai perdê-lo. Eu disse que TODOS alcançarão a autoconsciência do paraíso. Jesus sabia que ninguém negocia com Deus, e procurou reeducar um povo que ainda apostava em sacrifícios como passe para a expiação dos pecados, e de um lugar no paraíso.

Jesus pregou o amor de Deus que há em cada ser humano, e exortou-o a ser aplicado na forma do perdão, da caridade, da bondade e na universalização da espiritualidade (homens e mulheres têm a mesma herança divina assim como os mesmos deveres e responsabilidades). Até então (naquela época), as mulheres eram consideradas apenas como um objeto de uso à procriação e manutenção da vida domestica; não tinham voz política, cultural ou religiosa. A participação das mulheres, nos estudos que Jesus ensinava, era mais perigosa – do ponto de vista militar, político, social, cultural e religioso – do que o conteúdo de seus ensinamentos. Jesus mesmo repetiu varias vezes que não tinha vindo para mudar as leis, e sim, para cumpri-las. Ou seja, Ele veio a ensinar que a evolução humana não se da apenas pelo universo masculino; a natureza é dual (e sempre será), e que a espiritualidade humana não é manca: homens e mulheres devem contribuir com seus próprios esforços para alcançar a autoconsciência do paraíso.

26. E porque Jesus instituiu o batismo como preceito à salvação?

Jesus nunca instituiu o batismo, este já era uma prática há muito tempo utilizada pelos Essênios (uma ordem mística), João Batista - daí a palavra batismo – que fazia parte dela, levou-o para Jerusalém.
 

Contudo, João Batista sempre falava que ele “batizava” com a água, mas, alguém maior, batizaria com o Espírito Santo. E o que é o Espírito Santo senão, esta centelha divina que há em cada ser vivo que respira na Terra.

27. Se o batismo não servia para nada, porque João Batista o instituiu?

Antes de tudo, João Batista já havia estudado com Jesus no Monte Carmelo (algo equivalente a uma universidade, na época); os sábios da época há muito conheciam o poder terapêutico e medicinal da água (a água sempre foi o solvente universal), e sem ela seriam impossíveis a manufaturarão de chás, xaropes, unguentos, assim como, as assepsias necessárias no tratamento de enfermos; além da água estar sempre associada à limpeza e pureza. Em Nazaré havia uma organização chamada de “Os Nazarenos” (um ramo de estudiosos dos Essênios, que se dedicavam à terapêutica), Jesus e João Batista faziam parte da mesma. O titulo “Jesus de Nazaré” é incorreto, pois Ele era conhecido como “Jesus, o Nazareno”. Hoje pode parecer um absurdo, mas, naquela época, as pessoas passavam meses sem tomar banho (a água era preciosa demais para ser frequentemente usadas no corpo); havia muitas guerras e os soldados romanos eram os que mais necessitavam da mesma; ainda havia o comercio de vasos, artefatos domésticos e metalurgia, assim como a fabricação de Pães e o cozimento de alimentos. A água, portanto, valia ouro (nada diferente de hoje).

Pois bem, como falar de coisas abstratas como a espiritualidade; a “pureza da alma”; “limpeza espiritual”, sem utilizar a água como elemento de transformação física e psicológica? Naquela época, as pessoas não costumavam entrar nos rios; ficavam as margens apenas para lavar o necessário ou recolher água. Quando João Batista convidou seus seguidores ao batismo (a submersão completa do corpo na água), houve muita relutância e vergonha (a grande maioria não sabia nadar), o medo de se afogar, ficar doente e o constrangimento de parecer diferente (limpo), era algo novo. Contudo, a sensação de bem estar que qualquer pessoa sente ao se banhar, contagiou os mais tímidos e relutantes, e em muitos casos, tal sensação foi associada a uma mudança espiritual (remonta daí a frase: “de alma lavada”). João Batista sabia que a limpeza física era essencial na melhoria do bem estar dos seus seguidores e, esteticamente era um divisor de identidade entre os que o seguiam e os céticos. Assim como, seus seguidores eram bem mais receptivos (limpos) do que a maioria da população imunda; sem contar o fato de que esta mudança de comportamento agradou deveras, as mulheres, que sempre foram atraídas pela higiene e limpeza, além de ninguém não ter que pagar qualquer tributo por seguir João Batista. O batismo, só poderia dar em sucesso.

28. Então porque Jesus se submeteu ao batismo, se Ele não precisava?

A grandeza de um Mestre esta na sua humildade. Nem João Batista esperava que Jesus fosse até ele, daí o seu espanto ao dizer: “Mestre, sou eu que tenho de ser batizado por ti, e tu vens a mim?”. Jesus pediu a João Batista que fosse tratado como qualquer outro discípulo, pois o que João Batista estava fazendo, tinha o mesmo valor para Ele. Em outras palavras: não há privilegiados de Deus, TODOS são iguais em natureza e essência. As atitudes de Jesus eram muitas vezes mais profundas do que suas palavras...

O EU & eu (parte 01)


Conhecemo-nos de longa data, e nossos melhores encontros são no silêncio de meus pensamentos, quer esteja descansando, distraído ou simplesmente contemplando algo que me roubou a atenção do conturbado dia a dia do mundo de hoje.

Sempre tive a liberdade de perguntar, e de tão natural, esquecia-me das múltiplas questões que pipocavam na minha mente, enquanto eu as ia arremessando, às vezes sem uma ordem correta ou conflitante entre si mesma, contudo, Ele sempre soube como fazer desse caos de duvidas, uma ordem perfeita nas respostas.

Os assuntos não possuem um tema específico, nem iniciam e termina no mesmo tema necessariamente. Com o tempo percebi que mesmo discorrendo sobre diversos temas, no final, percebia que todos abordavam um mesmo elemento chave, e que muitas vezes ele era o elemento principal que trazia à luz as respostas que eu tanto ansiava.

Aqui vão alguns dos nossos diálogos. Sinta-se a vontade para refletir...

1. Deus existe?

Sim. Independente de você acreditar (ou não) na Sua existência, ou na Sua natureza.

2. Quem é Deus? 


Deus é mente, é infinito, eterno e é vida. E em Sua mente, tudo o que você conhece ou desconhece já existe em perfeição e harmonia.

3. Existe ainda tanta guerra e, como a guerra pode ser perfeita?

Não falei que era. A guerra ao longo da evolução humana tem sido o caminho mais fácil de afirmar valores – erroneamente nobres ou divinos – quando a limitação do intelecto é incapaz de afirma-se em palavras ou atitudes simples e justas. A guerra é fruto do livre-arbítrio humano (um dom que é muito pouco apreciado), e não de Deus. Aliás, o livre-arbítrio é o maior tesouro divino que a humanidade possui. Sem ele, os seres humanos seriam fantoches do Criador e não seus filhos. Um Pai que deseja que Seus filhos cresçam e andem, deve ter também a infinita paciência de espera-los finalmente, pararem de tropeçarem e cair. A queda e a dor que provem da mesma, são responsáveis por fazer o cérebro amadurecer as suas conexões, e, ensinar a todos a andar em equilíbrio; não um equilíbrio gratuito, mas sim, um equilíbrio conquistado – mesmo com alguma cicatriz. O mérito do equilíbrio está em querer andar, e não na dor da queda. Do mesmo modo, o mérito do ser humano está em conhecer cada vez mais sobre si mesmo, e não na dor que sofreu por escolher caminhos tortuosos, movido pela vaidade, orgulho, inveja ou ambição desenfreada.

4. Se Deus é infinitamente paciente quanto as nossas atitudes, aonde se encontra o pecado que tantos falam?

Não se encontra.

5. Como não! Matar, roubar, blasfemar o Criador não quer dizer nada?

Não disse isso. Não confunda a Criação de Deus com a criação das religiões feitas pelos homens.

6. Mas, o que os homens criam, não fazem parte também da obra de Deus?

Correto.

7. Se as religiões fazem parte da obra de Deus, como o pecado que elas pregam não tem a ver com o Criador?
 

Você confunde “ser Deus” e “fazer parte de Deus”.

8. Não entendi.

O que Deus é está no momento além do que você imagina conhecer, mas, conhecerá. Contudo, Ele é mais simples do que você pode pensar. Não existe pecado, punição ou expiação na obra de Deus e sim, na obra dos homens. Afinal de contas, por que o Criador, sendo eterno, infinito e perfeito, teria em Sua mente um instrumento de constrangimento, aflição e punição aos seus amados filhos, se os abençoou amorosamente com o livre-arbítrio?

9. Mas, se há milênios as religiões pregam sobre os pecados humanos diante de Deus, então elas mentem em nome Deus?

Ninguém mente a Deus, Ele é onisciente. Há apenas uma pequena e ingênua confusão: os homens não pecam diante de Deus, mas diante de si mesmos; o pecado é a consciência em conflito diante de inúmeros princípios morais e éticos que foram estabelecidas pelas mais diversas sociedades humanas, como parte da sua cultura e religiosidade no decorrer de seu aprendizado. O pecado só existe para o ser humano, porque ele tem a autoconsciência das suas atitudes, e o livre-arbítrio para medi-las ou julgá-las.

10. Então, eu posso fazer o que quiser, pois, estarei no paraíso?

Correto.

11. Do que adianta então, eu me dedicar ao bem se, outras pessoas que matam e causa sofrimento as outras, vão ter o mesmo destino que eu. Isto não parece injusto aos olhos de Deus?

Não confunda. Todos estarão no paraíso, pois, nunca o deixaram. Contudo, ter a consciência do mesmo, já é outra história...

12. Então a Terra é o paraíso? Pensei que era o inferno...

Pense na Terra como quiser. Ela pode ser tanto o paraíso como o inferno, ou ambos – na verdade isto depende de como cada um vive a sua vida e trata a do teu semelhante.

13. Mas, isto não responde como nós nunca deixamos o paraíso...

O paraíso já é em si toda a criação de Deus – conhecida ou não por você. Eu já falei: Deus é mente, é infinito, eterno e é vida. Logo, não há na Sua criação, uma região privilegiada, pois TODOS na Sua criação têm o mesmo valor e recebem o mesmo amor. Repito: Deus é MENTE, e o paraíso está na mente de qualquer ser humano; não se vai ao paraíso, mas sim, conquista-o na autoconsciência do mesmo, através da reflexão e da prática da bondade, misericórdia e perdão.

14. E quanto aos que matam e causam sofrimentos às outras pessoas?

Levarão mais tempo do que outros para conquistar esta autoconsciência. Contudo, serão arrebatados pelo silencioso amor de Deus.

15. Quer dizer que quem morre jovem chega primeiro ao paraíso do que um idoso?

Eu não disse que a “morte” é um pré-requisito à autoconsciência do paraíso.

16. Como então, alguém que teve poucos anos (ou horas) de vida e experiência, pôde ter essa autoconsciência em comparação a um idoso – isso sem contar se esse alguém vive em lugar remoto, longe da realidade urbana do Século 21?

Tempo e espaço é apenas é um estado de consciência. Você pode ficar entretido com algo (ou alguém), e depois perceber que já se passaram horas. Da mesma forma, você pode passear por lugares que estão a quilômetros de distancia, e depois perceber que estava apenas relaxado (não dormindo) na tua residência. Para uma pessoa ansiosa, poucos minutos parecem uma eternidade, para uma pessoa calma, o dia passa tão rápido... Já parou para refletir que o tempo de Deus não é necessariamente igual ao teu ou do teu semelhante?

17. Independente da noção de tempo e espaço, uma pessoa idosa teve mais oportunidades e experiências de vida. Como explica isso?

Não limite as oportunidades que Deus dá aos seres humanos com as efêmeras oportunidades que os seres humanos dão a si mesmos. O tempo de todos é mais amplo do que esta aparente linha de “vida” que começa no “nascimento” e acaba com a “morte”. Considere este “intervalo” de tempo como um ciclo de uma vida eterna. Não há pressa no esquema da Criação; tudo tem o seu lugar e o seu momento. Contudo, cada um traça o seu próprio caminho – afinal, não é a ordem dos caminhos que importa, e sim, o que se faz em cada caminho.


(continua)

O Eu & eu (introdução)





Resolvi tornar público algo que faço com muita naturalidade: Relaxar-me, fechar os olhos, e voltar a minha consciência para o silêncio do âmago do meu ser.



Se tenho alguma dúvida sobre algo, faço-o da maneira mais simples e objetiva possível.



Dependendo do que pergunto, a resposta pode surgir logo, ou então dias ou semanas depois. Como não tenho pressa, não fico ansioso por uma resposta rápida (até porque, eu já sei que ela chegará no momento certo).

Não preciso ficar relaxado minutos a fio para ter a resposta à minha pergunta. Simplesmente a faço e esqueço (sei que serei lembrado da mesma em algum momento em que eu estiver relaxado, descansando ou apenas contemplando alguma coisa que “roubou” a minha atenção.



Antes de mais nada, já vou afirmando que não ouço “vozes” nem vejo ninguém. Apenas as “respostas” surgem na minha mente como uma ideia completa (não preciso racionalizá-la). Tudo nos seus mínimos detalhes estão bem nítidos e não preciso decorar nada com o medo de esquecer (sempre que quiser pensar a respeito a “resposta” voltará como um todo, nítida e completa).



Junto a cada “resposta” sinto uma “sensação” indescritível de que a mesma é confiável. Sei o quanto para eu é difícil expressar algo tão subjetivo em palavras, sempre sinto que elas ficam muito aquém do que deveriam representar...

Talvez a melhor forma de fazer alguém entender, seria dizer que a “resposta” é uma pintura abstrata, rica em detalhes surgindo à mente. O problema é transformar isso em palavras (e haja palavras). Mas na realidade, não vejo nenhuma “pintura”.



Como sou ligado em tecnologia, vou dizer que essa “resposta” é uma espécie de “download mental” (não me pergunte de onde). É como se o conteúdo de um livro fosse exposto à tua mente, da primeira até a última página (só não me pergunte o autor).



Durante muitos anos eu achava que isso era comum à todas as pessoas, mas com o tempo fui percebendo que não (pelo menos não do meu jeito). Foi aí que comecei a compreender melhor o silêncio.



Eu deixo a cargo do leitor o julgamento, teoria, explicação e etc. do que quiser fazer sobre o que descrevo. Honestamente não vou me importar, pois falo de algo que nada tem feito de mal à minha vida ou saúde. E muito menos tem me transformado em um psicopata ou esquizofrênico.



Há uns tempos atrás, veio-me uma sensação do tipo “é hora de escrever”. Com tantas coisas em mente e sem saber o que poderia ser interessante, resolvi deter-me a escrever sobre o pode fazer o leitor refletir (por si mesmo), e de alguma forma, levar uma centelha de luz dentre as tantas que eu recebi.



De graça eu recebi, de graça passo adiante. Se vai mudar alguma coisa, eu não sei, mas sei que fazendo isso, meu eu está em paz.



(continua)