segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Mudanças


    Mudanças são inevitáveis, e isto parte do mecanismo do próprio universo aonde nada está em repouso. Até a minha recente mudança de endereço não aquietou a minha mente e serviu de inspiração para inúmeros assuntos, sejam voltados à computação, ao misticismo ou qualquer outro assunto de qualquer natureza.

    Enquanto eu arrumava e desarrumava as caixas, todo aquele trabalho de organização (e cansativo por sinal), foi a luz de um assunto que eu já mencionei em algumas postagens e que é muito comum nos usuários contemporâneos. Eu falo do mudar sem refletir, no atirar-se na onda da ansiedade porque alguma coisa nova apareceu, e por ter aparecido, parece haver uma necessidade de sair atrás.

    Mudanças nem sempre são bem vindas por todos, mas não quer dizer que mudar não é bacana.

    Voltando um pouco no tempo, lembro-me dos anos 90 como um caldeirão em ebulição. Empresas criaram-se ou fecharam-se. Sistemas Operacionais (SO) digladiavam-se para demonstrar aos usuários qual era o melhor, o mais confiável, o mais seguro, etc.

    Nesta década, a Microsoft praticou todos os jogos baixos para tirar da cabeça dos usuários que o Linux e BSD não eram SO para a família e para os escritórios.

    Paralelo a esta briga havia uma entre os fãs do BSD e do Linux (na verdade, até hoje há uma pequena rivalidade), eram trocas de farpas quanto ao fato do Kernel do BSD ser "monolítico" e apenas ser compilado pelo pessoal da Universidade de Berkeley o que mostrava-se ser mais seguro que vários tipos de um Kernel como é até hoje no Linux (na verdade, apenas uma parte do Kernel pode ser modificada, o resto apenas Linus Torvalds e uns 2 amigos de confiança possuem o código fonte completo do Kernel).

    E enquanto os usuários assistiam essas lutas, havia outra bem acirrada entre os finados navegadores Internet Explorer (IE) e o Netscape, este último que deu as bases para o Mozilla Firefox e o Netscape Communicator que deu as bases para o Thunderbird Mail e era o maior concorrente do Outlook Express. Não tinha uma semana que alguém deixava de postar brechas sobre o IE e o Outlook Express; emails dos usuários eram invadidos, algo bem mais difícil no Netscape que já possuía os plugins para downloads de vídeos e músicas além de inúmeras ferramentas já bem conhecidas pelos usuários do Firefox.

    Nem a Microsoft livrou-se de disputas internas. Com o lançamento do Windows XP, muitos usuários nem ligaram mais para o Windows NT, pois o Windows XP foi construído em nova arquitetura e núcleo (Windows NT 5.1), ou seja, como o XP era muito mais barato que o NT, muitos administradores optaram pelo XP que fazia o mesmo trabalho. E quase ninguém notou que a Microsoft dedicou-se ao NT para atrair os administradores de volta que haviam "trocado de camisa", ou será que ninguém lembra dos inúmeros bugs do XP e muito poucos do NT?

    Se havia uma empresa com muita grana e artilharia para lançar para todos os lados, essa é claro era a Microsoft. Foram as épicas trocas de farpas entre o Windows Media Player (WMP) e o Winamp. Só não usava o Winamp quem era muito besta, ou não sabia usar a internet. A qualidade de áudio do Winamp era inquestionável! Detalhe: durante vários anos o WMP não gravava e/ou reproduzia arquivos mp3 (apenas .wma, .wav, .cda e .mid). Isso logo na década que pipocou tudo que era tocador de mp3 e sites para tudo o que era música.

    A Microsoft acreditou que por ter o SO mais usado, podia enfiar goela abaixo os padrões de áudio dela. Quebrou a cara! Quem não lembra-se das mudanças de visual do WMP (skins) com sutis modificações nos seus codecs até chegar ao ponto de reproduzir o formato mp3, mas gravá-lo no máximo em 96 Kbps (para dar a impressão que o formato .wma tinha qualidade superior).

    Isto sem contar com os aplicativos gratuitos do Linux que batiam de frente com os do Windows. Mudanças sempre tinham, e os usuários corriam para o que era melhor e mais seguro, além de barato.

    A Microsoft tão preocupada com toda essa concorrência que não deu bola para aprimorar o seu próprio SO e deixou para experts como Peter Norton, a solução da bagunça que o SO fazia. Resultado, Peter Norton saiu bilionário e a Microsoft não pode usar os recursos que ele desenvolveu.

    Na tecnologia as mudanças são constantes, mas essa velocidade não quer dizer que algo melhor esteja saindo um atrás do outro. Existem muitos lançamentos similares, sejam softwares, hardwares, páginas web, etc. Quanto mais rápidas forem as conexões no ciberespaço mais coisas aparecerão. Mas calma lá! Não saia mudando de ideia só porque uma informação foi postada numa rede social ou num blog. Reflita, verifique e questione em fóruns especializados. Mudar faz parte da vida e o mundo real está bem próximo do mundo virtual, e a galera do mal (crackers) está bem próxima esperando quem vai morder a isca.