domingo, 28 de dezembro de 2014

Deep Web (Sobre o Tails) 01 - Atualizado em 11-Jun-2017




    O uso do Tails em um computador não altera e nem depende do sistema operacional atualmente instalado. Assim, você pode usá-lo da mesma maneira no teu computador, no de um amigo ou de uma biblioteca. Após desligar o Tails, o computador pode ser reiniciado normalmente no sistema operacional instalado.

    Um detalhe interessante que pode te ser bem útil, caso você esteja em uma lan house (pública ou não) e esta possua alguma restrição de acesso a determinados sites através do administrador:

    Via de regra, o funcionário da lan house apenas libera alguma estação (que na verdade acompanha o próprio gabinete), e como a rede é a mesma para todas as estações, incluindo o do administrador, basta espetar o teu pendrive (ou o DVD do tails ou outra distro Linux) no gabinete e reiniciar a máquina, pressionando a tecla DEL para mudar as configurações de boot (algumas CPUs são a tecla F1, etc.).

    Na tela do BIOS Setup vá na opção de boot e altere as configurações de prioridade de boot (em geral a opção de CD/DVD é sempre a primeira opção) para poder utilizar o teu pendrive com o Tails.



    É claro que fazendo isso, você não utilizará o sistema da lan house (provavelmente o Windows), mas como o "teu" gabinete está ligado à rede (e o Linux é invisível ao Windows), o "administrador" desta não irá perceber que você não mais está na rede "dele" (bem, tecnicamente ainda está), o Tails provavelmente vai detectar as portas UDP e TCP, e como quase ninguém muda o nome da rede (WORKGROUP), caso queira, você pode muito bem ver o conteúdo de cada HD da lan house, inclusive o do administrador, já que todos os gabinetes estão conectados...



    Caso esta lan house seja bem grande com muitas estações e também haja muita gente lá (o que é muito bom), ninguém vai perceber que você está "surfando noutra onda" e que tem o acesso a Deep Web (DW). Também é interessante que o teu papel de parede seja igual a de um Windows (para disfarçar).

    Mas caso esta operação seja muito complicada ou você tem medo de ser pego, tudo bem, você pode usar aquele "bypass" que eu já te mostrei (aqui) e navegar pela DW (sabendo usá-lo, você pode ir  além da rede Tor, acessar também a rede Freenet e a I2P).

    É claro que fazer isso na tua máquina é um suicídio pois o Windows é completamente vulnerável, mas como você está numa lan house, o problema é do administrador. Afinal, você pagou para acessar a WEB, e é direito teu "surfar" até aonde você quer ir...

    O Tails está configurado com especial cuidado para não usar o disco rígido do computador, mesmo que haja um espaço swap (área de troca) nele. O único espaço de armazenamento usado pelo Tails é a memória RAM, que é automaticamente apagada quando o computador é desligado. Desse modo você não deixa rastros do sistema Tails nem do que você fez naquele computador. É por este motivo que costumamos chamá-lo de "amnésico".

    Isso permite que você trabalhe em documentos sensíveis em qualquer computador e te protege de tentativas de recuperação de dados após o desligamento. É claro que você pode explicitamente salvar documentos em outros dispositivos USB ou em um disco rígido externo e levá-los embora para uso futuro.

    Mas pode ter certeza de que não faltarão todas e quaisquer tipos de investidas contra a rede Tor, principalmente de governos opressores e/ou ditadores, ou mesmo aqueles até democráticos (como os EUA), que temem o vazamento de informações "indesejáveis".

    Após os EUA terem "tentado" quebrar a segurança da rede Tor (eu sei que lá no fundo os EUA até querem e podem, mas não devem). ¹ Lá pelo meio de 2014, a Rússia até colocou um "prêmio" para "quebrarem" a rede Tor (até parece que ninguém percebeu que foi por causa da Crimeia).

    O governo da Rússia ofereceu o montante de US$ 110 mil para quem conseguisse quebrar o sistema de criptografia do navegador Tor e possibilitar, assim, a identificação dos usuários do navegador.

    A notícia veio à tona por meio de grupos ativistas que lutam pela proteção aos Direitos Humanos. O desafio valia somente para hackers russos (fez até sentido pois ainda hoje, sai mais barato pagar os próprios russos que estão levando uma vida cheia de necessidades), até porque em caso de sucesso, com certeza o governo russo não iria querer compartilhar o "segredo" da quebra com mais ninguém.

    É tudo muito simples, aquele que quebrar a segurança da Rede Tor, tem nas mão as informações mais preciosas de todos os outros países. E esse "crack" acabaria vazando para toda galera no estilo do WikiLeaks, e ai, já dá pra imaginar o caos que iria se formar...




    De acordo com o ministro do interior da Rússia (na época), a ação tinha o objetivo de “salvaguardar a defesa e a segurança do país”. A maratona aceitou inscrições até o dia 13 de agosto, e caso houvesse sucesso, o responsável por "quebrar" a rede Tor receberia o prêmio no dia 20 de setembro.

    Conforme informou o portal The Guardian, mais de 210 mil internautas russos faziam uso do “navegador fantasma”. Mas quem desejasse participar do torneio, com certeza deveria "roubar um banco": As inscrições exigiam o pagamento de "apenas" US$ 5.500,00 (e não foi piada...).

    Moral da história: No fim das contas, o governo russo acabou ganhando (do próprio povo), pois encheu a carteira. E sabe-se lá se tudo isto não foi um golpe bem bolado para tomar grana dos hackers?


    Não bastou os norte-americanos já terem tentado? O governo russo achou que seria moleza quebrar os códigos de um dos navegadores mais determinantes já desenvolvidos?

    Bem, há quem sugeriu que o desafio proposto não passava de uma ação descarada para ampliar os  fundos do próprio governo. "- Por que o governo da Rússia deveria se importar? A inscrição de apenas 20 competidores seria suficiente para pagar o valor prometido pela premiação”, declarou Adam Estes, redator do site Gizmodo.

    ¹ Apesar de incomodar muito, a rede Tor navega na corrente da pró-democracia. Através dela o próprio EUA, inúmeros outros governos assim como os internautas, tem o conhecimento do que passa-se dentro de países opressores e ditatoriais, ainda que disfarçados de "democratas" como a Rússia, China, Coreia do Norte, Cuba, além de vários países no Continente Africano. Ou seja, a rede Tor é uma "mão na roda" para o "trabalho" da NSA. Só não ver quem não quer...

    A figura abaixo dá uma ideia de amostragem dos serviços ocultos na rede Tor (fonte: Wikipédia).




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