quarta-feira, 20 de maio de 2015

A Democracia


    Criticada por muitos, amada e idolatrada por outros, a democracia vive no cerne dos mais diversos debates pelo mundo afora, e como tudo na vida , sempre haverão aqueles que vivem tentando mostrar as mazelas que advém da democracia - ou da falta desta.

    Mas a democracia não é fácil, não é nada fácil mesmo. Ilude-se aquele cidadão que pensa viver em um mundo justo apenas porque mora em uma nação onde há a liberdade de expressão, a liberdade de escolha, a liberdade de pensamento, etc.

    Toda democracia inclui nas entrelinhas da constituição que a proclama, a liberdade de errar e de fazer o errado, assim como a liberdade de ser defendido pelo erro cometido e que nem sempre vai agradar aqueles que sofreram com o erro cometido.

    A democracia parte do princípio que todos nós somos seres livres e que devemos respeitar a liberdade de pensamento e vida de outrem. O problema é que o ser humano ainda não aprendeu a respeitar, a conviver com diferenças, a aceitar que a humanidade é complexa demais para tentar ser entendida através de um belo princípio que é a democracia.

    Na verdade, a democracia nem é boa ou ruim - é neutra. Bom ou ruim são aqueles que a utilizam de forma egoísta e vaidosa, e que transferem ao adjetivo "democrata" a ideia de que a democracia é o fruto do que eles fazem ou deixam de fazer.

    A democracia é uma mão de duas vias: o direito e o dever. Já deu para notar que a palavra "direito" é a palavra mais usada por quem diz-se ser um democrata (não estou referindo-me a algum partido). Um democrata é todo aquele cidadão que "veste a camisa" da democracia, aquele que acredita que através da liberdade individual, haverá justiça, paz e a harmonia entre os povos.

    O problema é que a humanidade não é perfeita... Talvez agora a humanidade esteja galgando a sua adolescência desde o seu surgimento há milhares de anos. Uma humanidade adolescente e rebelde, cheia de conflitos, invejas, birras e grupos dos mais diversos tipos.

    Não consigo ver a humanidade senão como uma imensa massa de estudantes numa escola chamada de Terra. Muitos desta imensa escola fazem parte do grupo dos queridinhos; outros são aqueles que se unem pela raça, etnia ou religião; também existe o grupo dos nerd que são pouco entendidos; há ainda aquele grupo que devido a condição social da sua família são desprezados, humilhados ou mesmo são invisíveis aos demais. Mas todos vivem nesta escola!

   Embora todos vivam democraticamente nesta escola, a justiça não é um privilegio de todos - embora devesse ser. E é exatamente aonde os dois pilares da democracia se debatem: De um lado está os que dizem "- É um direito meu!", e do outro lado os que dizem "- É dever teu!", como se o direito e o dever fossem valores que apenas alguns poderiam ter e não ambos - tanto para exercer como para ser responsável pelo mesmo.

    Se há algo de errado na humanidade, não é a democracia, mas imaturidade humana de não saber administrá-la. Realmente a democracia não é algo fácil, mas é uma tecla que deve ser constantemente tocada, porém isto não basta! A democracia não sobrevive de retóricas, mas de atitudes por parte dos que tem o poder que receberam democraticamente.

    Contudo, estes que tem o poder e o dever de servir a todos, devem lembrar-se que a parcela que os escolheu ainda é parte desta grande e adolescente humanidade - cheia de acertos e erros. Ser escolhido para representar um povo, não dá-lhe o mérito de auto-considerar-se "o melhor", mas sim, a esperança por parte daqueles que o escolheram (ou não), de viverem melhor.

    O que muitos não entendem é a que a democracia exige muita responsabilidade por parte de quem a vive sobre o seu manto de liberdade. Por isso os governos ditatoriais são mais fáceis de administrar, pois a única voz é a de quem dita. Na democracia a voz vem (e dever sempre vir) de todos os lados, e da mesma forma, ir para todos os lados.

    A democracia pede muito pouco aos que se abrigam nela, mas pede de forma justa algo que nem todos ainda tem a maturidade de entender: A de que a democracia é a mesma para os ricos e pobres, religiosos ou ateus, homens e mulheres, jovens e idosos, independente da raça, etnia ou origem. Realmente, a democracia não é nada fácil, mas é um caminho seguro para lapidar a mentalidade humana fazendo-a cada vez mais enxergar o que ainda há para se ver; corrigir o que ainda esta errado, solidificar o que está certo.

    As diferenças sociais que existem num estado democrático apenas deixarão de existir quando o seu povo compreender que não há diferenças culturais, religiosas, étnicas ou raciais. Ser e pensar diferente, não é ser um estranho, apenas não ser a mesma coisa que qualquer outra pessoa, embora tão importante quanto qualquer outra.

    É claro que ainda vai levar muito tempo para a humanidade compreender isto, afinal a democracia ainda está na sua infância e a humanidade na sua adolescência. É por isso que a democracia não é nada fácil, mas é graças à democracia que você pode ler tudo isto aqui.