Você deve ter pensado que o assunto havia terminado. Na verdade aquela "pausa" foi proposital, Eu poderia continuar, mas apenas iria alongar mais o assunto e tirar o foco da simplicidade do pensamento. E é sobre isto que vou agora escrever.
Pode até parecer brincadeira, mas grande parte dos males da humanidade está na dificuldade de pensar de forma simples. Mas não confunda o pensar simples com a simplicidade do pensamento.
Pensar simples, não é assim tão fácil, já que é necessário você eliminar da tua mente tudo o que pode interferir, atrapalhar ou confundir a tua focalização na reflexão do há na tua mente.
É claro que muitos pensamentos simples podem esconder um pensar simples, tanto quanto um complexo pensamento. O grau de simplicidade ou complexidade de uma coisa, não está necessariamente na ideia que há sobre ela, mas na forma de pensar que você toma para elucidar as tuas dúvidas.
Tudo bem, talvez você deva estar se questionando sobre o que o misticismo tem a ver com a maneira como pensamos. Na verdade só tem a ver. O misticismo e a simplicidade de pensar andam de mãos dadas; o misticismo não é uma moda, uma religião, um culto ou algum tipo de "receita" de como viver a vida em paz. Talvez pela similaridade das palavras "mistério" e "misticismo", haja uma natural confusão.
Até porque o misticismo não trata de resolver "mistérios", já que qualquer mistério é por si só a ausência de um pensar simples. Quantas vezes você já ouviu alguém dizer que a solução de um problema, está em fazer a pergunta certa?
É verdade que um místico é uma pessoa que passa a vida perscrutando os mistérios do universo (ou seja, apurar, averiguar, investigar, vasculhar com o olhar), mas não resolver. É presunção demais alguém querer "resolver" um mistério.
É claro que há mistérios, mas apenas para a pessoa que ainda não conseguiu uma resposta para si mesma. Pois o que pode ser um mistério para mim, pode não ser um para ti.
A aparente complexidade da vida está na ânsia do ser humano em querer encontrar respostas fora de si mesmo, quando deveria perscrutar a si mesmo primeiro.
A vida agitada do ser humano associada as tribulações de seus próprios pensamentos, apenas dificulta a sua caminhada em encontrar respostas para o que aflige o seu próprio ser.
O ser humano esqueceu da sua primordial missão que é o pensar. Muitas vezes o que uma pessoa pensa ser o pensar, é na verdade uma coletânea de ideias prontas já dispersas pelo pensamento coletivo humano, ou seja, não há nenhuma reflexão sobre a mesma.
Tecnicamente, qualquer pessoa é um místico, pois todas vivem dizendo uma das mais preciosas palavras: Por que?. Um místico é apenas uma pessoa que procura na própria natureza exemplos que indicam um caminho para orientar os seus pensamentos.
Um místico não necessita usar roupas especiais ou adornos bem elaborados que suscitam à pessoa leiga uma ideia de autoridade. Contudo, é perfeitamente natural que em certas ocasiões e apenas para efeito de simbolismo, a pessoa use alguma vestimenta ou porte algum tipo de objeto. Na verdade fazemos uso do simbolismo o tempo todo das mais variadas formas, como na figura acima por exemplo.
Quem por acaso já não usou alguma peça de roupa branca na véspera do ano novo? Não importa se o motivo era religioso, superstição, ou mesmo por gostar da cor. O que importa é o simbolismo que está por detrás da cor e da somatória de pessoas se vestindo assim, e não necessariamente o que este significa para cada pessoa, já que sobre isto, apenas interessa a cada pessoa em particular.
É exatamente por sermos seres pensantes que temos a capacidade de simplificar inúmeros pensamentos ou princípios com simples gestos, desenhos, arte, inclusive a música. A propósito esta lista é bem grande...
É claro que não vão faltar aquelas pessoas que vivem do imaginário alheio e da fragilidade de pessoas, e por isso se passam por "místicos" cheios de pompa, com roupas ricas em simbolismos enigmáticos e um sem número de bugigangas.
Aqui há um típico exemplo de simbolismo que só pela sua imagem, dispensa inúmeras palavras e trás à mente de quem o vê, uma ideia completa.
Lembra do experimento que o meu Mestre de Wushu me ensinou? A vela, não era apenas apenas um símbolo de luz, mas também um instrumento de exercício. Mas eu também a usei como símbolo de cada ser humano, teu corpo físico (cera), tua mente (a chama), tua sabedoria (a claridade da chama). Mas com certeza você não leu o texto pensando numa vela, mas sim, na essência do que esta representava. Isto é uma aplicação do misticismo: simples, prática e objetiva.
Da mesma forma eu poderia ter usado outro objeto, como uma flor por exemplo. Infelizmente existem pessoas que resolvem querer lucrar em cima de pessoas ingênuas com a ideia de que certos objetos possuem "poderes especiais", dai surgem todos os inúmeros símbolos com conceitos completamente desvirtuados.
A grande maioria destes símbolos serviu para exemplificar ou sintetizar fenômenos e leis da natureza, da física, da química, da matemática e até da psique humana, nada mais, nada menos.
Um outro exemplo de simbolismo que também é muito explorado (seja pelo aspecto financeiro, seja pela ilusão de um conhecimento invulgar), refiro ao horóscopo (não importa qual). Se o leitor abrir o jornal, revista ou acessar uma página web irá com certeza encontrar algum. Se puder isolar os textos dos símbolos e embaralhá-los, ao ler qualquer um destes textos, verificará que o mesmo aplica-se à qualquer pessoa em qualquer momento de sua vida. Não há nada ali que identifique alguma parcela da humanidade.
Os símbolos zodiacais estão mais relacionados à Astronomia e à Geografia do que à psique humana. Os sábios antigos, místicos por excelência, perscrutavam o Universo, as Leis da Mecânica Celeste; da sua relação com a Meteorologia, a Álgebra e a Agricultura. Devido ao assunto ser de natureza abstrata, tais percepções foram padronizadas em formas de animais e objetos do dia a dia, mantendo longe o olhar de curiosos e supersticiosos.
Semelhantes observações foram feitas em culturas diferentes, e cada uma usou o seu próprio simbolismo para o mesmo princípio, ajustado a sua cultura local. Através do comércio marítimo, tais conhecimentos foram exportados e incorporados a culturas de povos distantes.
Devido aos antigos sábios poderem compreender a natureza, os monarcas passaram então a se interessar pelo o seu próprio futuro (como se eles fossem previsíveis), pois já que estes eram tão importantes (ou mais) que as estrelas, suas vidas poderiam muito bem já estarem escritas no firmamento.
Agora ponha-se no lugar de um desses sábios. Você diria "não" a um rei, imperador, faraó, etc.? Você diria que as Leis do Universo são perfeitas e por isso previsíveis, e a vida do monarca não? Só se você quisesse ser executado...
Digamos que a astrologia foi o "jeitinho brasileiro" de "massagear o ego" das famílias reais... E se o monarca acredita, por que o povo não irá acreditar? Experimente perguntar para um matemático quando você terá um filho e se será homem ou mulher. Ser sábio na antiguidade não era nada fácil...
É até provável que você esteja rindo agora, mas não encare a astrologia como um conhecimento empírico. É bem provável que isto você já saiba, mas se prestar bem atenção há muitas coisas que eu poderia comparar com a astrologia no sentido de uma ilusão agradável e que até você deve conhecer.
Será mais do que natural que algum astrólogo fique ressentido com as minhas palavras, mas nenhum astrólogo ou numerologista irá responder à alguém sobre o maior mistério da vida. Contudo, alguns místicos do passado já deram uma dica:
- "O nosso próprio eu é o mais difícil de dominar." (Siddhartha Gautama 'Buda' 563 a.c - 483 a.c);
- "O silêncio é um amigo que nunca trai." (Confúcio 551 a.c – 479 a.c);
- "Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o Universo e os deuses." (Sócrates 469 a.c - 399 a.c);
- "O Reino dos Céus está dentro de vós." (Jesus 7–2 a.c - 30–33 d.c)
Todos esses místicos do passado (e muitos outros) fizeram alusão de que a verdadeira sabedoria começa pelo próprio ser e não pelo que há em volta. O que compreendemos afora é apenas o reflexo do que sabemos de nós mesmos.
Vou citar um fato da História Egípcia Antiga, apenas para elucidar o quanto um símbolo bem simples, mas repleto de significados e relacionado à Astronomia, Geometria, Física e Teologia, apenas para ficar por aqui...
Eu sei que sempre que se fala do Egito Antigo, logo vem à mente as palavras múmias, sarcófagos, pirâmides, deuses e hieróglifos. Contudo a cultura egípcia não se resumia apenas nisto.
Os egípcios eram notáveis conhecedores de ciências como a Astronomia, Matemática, Geografia, Biologia, Física, Engenharia, Medicina, etc... Eles já tinham o conhecimento do átomo como unidade fundamental da matéria, do número pi (muito antes dos gregos). Eu ainda vou preparar um trabalho a respeito deste povo.
O conhecimento egípcio era muito amplo e também alvo de inveja de muitos povos, pois tal conhecimento era reservado apenas a poucas pessoas próximas do faraó.
Para os egípcios, o conhecimento era o seu maior tesouro, pois era através dele que toda a riqueza do Antigo Egito era possível. muitos povos tinham escravos, exércitos e muitas coisas que os egípcios tinham, mas estes povos nem chegavam perto do sucesso misterioso que egípcios possuíam.
Numa época que a porcentagem de pessoas incultas era enorme, o melhor era deixar essas pessoas se entreterem com os aspectos religiosos, seja em forma de festas, seja em forma de cerimônias. O medo do desconhecido sempre deixou inúmeros povos à mercê dos religiosos.
Um certo dia, um jovem faraó resolveu mudar esta realidade, e apenas o pode fazer pois ele era o soberano. Seu nome de batismo era Amen-hotep IV, que significa "Amon está satisfeito" (Amon era o principal deus do Egito Antigo), mas para os sacerdotes da antiga escola de mistério, Amon também representava princípios da natureza, leis relacionadas à Física e à Biologia.
Para que o seu significado real ficasse guardado, ainda que exposto nos hieróglifos em todas as construções egípcias, ao povo inculto este foi apresentado como uma divindade e sobre esta deveria ser respeitada. O mesmo foi feito com os inúmeros outros deuses.
Nunca foi fácil (e ainda hoje não é) explicar de forma simples princípios abstratos que podem estar por detrás de fenômenos naturais ou psicológicos. Você pode até não saber, mas na Grande Pirâmide de Gizé, está registrado um conhecimento que muitos nem ao menos imaginavam que já era do conhecimento humano.
Posso citar alguns como:
- A distância entre o Sol e a Terra;
- A distância entre a Terra e a Lua;
- A massa da Terra e o volume total de água da Terra (que sempre foi o mesmo);
- A Pirâmide de Gizé encontra-se exatamente no centro geográfico terrestre, ou seja, se você passar uma linha vertical e uma horizontal sobre a pirâmide, verá no mapa-múndi que cada quadrante possui a mesma área de continentes.
- A translação Solar (ano galático);
- As rotações e translações terrestres e lunares;
- O valor do número π (3,141592653589...);
- O valor do número e (2,718281828459...), etc.
Infelizmente muitos céticos preferem pensar que tais conhecimentos vieram através de seres extraterrestres, como se o ser humano na época não pudesse ser capaz de tal feito.
Esse tipo de pensamento foi o fruto da vaidade dos europeus (de séculos atrás), que por não conseguirem compreender como as antigas civilizações já possuíam um enorme conhecimento de engenharia (e por tabela, matemática, Física, etc), preferiram menosprezar a possibilidade de tal conhecimento.
O jovem Amen-hotep IV que era instruído nos mais profundos estudos das escolas de mistérios do Antigo Egito, e resolveu revolucionar, pois todo aquele politeísmo apenas atrasava a evolução do seu povo, além do grande mercado que existia em cima da fé das pessoas obrigadas a pagar por "qualquer serviço religioso" (algo muito comum ainda no séc. XXI).
Com o poder que possuía, mandou apagar todas as palavras que fizessem menção a Amon e qualquer outros deuses. Instituiu o monoteísmo e chamou de Aton o único deus vivo (é bom frisar que todos os faraós eram considerados divindades, uma estratégia político-religiosa explorada pelos sacerdotes).
Este foi um feito inédito na humanidade! O próprio Amen-hotep IV mudou o seu nome para Akenaton o que significa "o espírito atuante de Aton", o que representou o seu repúdio ao deus Amon.
O faraó declarou-se também filho e profeta de Aton, uma divindade representada como um disco solar. Akenaton instituiu o deus Aton como a única divindade que deveria ser cultuada, sendo o próprio faraó o único representante dessa divindade.
Já deu para perceber que os sacerdotes não gostaram nada disso, mas se Akenaton não fizesse isso, os sacerdotes continuariam explorando o povo, usando o nome do deus Aton.
Akenaton instituiu o monoteísmo muito antes de Moisés, alias Moisés estudou exatamente nesta escola de mistérios, (assim como Jesus) quase 1500 anos depois. Por que você acha que Jesus "fugiu" para o Egito? As bases do judaísmo e do cristianismo vieram dos ensinamentos das escolas de mistérios do Antigo Egito.
No entanto, o deus Aton não era um deus novo no panteão egípcio. Aton era considerado pelos egípcios como uma manifestação visível do deus Rá-Harakhti e já era mencionado nos Textos das Pirâmides, que são os textos de caráter religioso mais antigos encontrados no Egito. O que há de novo na religião introduzida por Akenaton é o lugar central de Aton, remetendo outros deuses ao desaparecimento ou a uma posição secundária. Dessa forma, Akenaton pode ser considerado o criador da ideia do Monoteísmo.
O primeiro "indivíduo", assim declarou o historiador James Henry Breasted considerando Akenaton ser "a primeira pessoa na história", assim como o primeiro monoteísta, romântico e cientista.
Em 1899, Flinders Petrie opinou:
"Se esta fosse uma nova religião, inventado para satisfazer as nossas concepções científicas modernas, não conseguimos encontrar uma falha na veracidade desta visão da energia do sistema solar. O quanto Akenaton foi entendido, não podemos dizer, mas certamente esta compreensão era limitada, pois ele estava à frente em seus pontos de vista e simbolismo para uma posição que não podemos melhorar logicamente se nos dias de hoje. Não há algum traço de superstição ou de falsidade que possa ser encontrado a este novo culto que evoluiu a partir da antiga Aton de Heliópolis, o único Senhor do Universo.".
Henry Municipal sustentou que o faraó era o "primeiro exemplo da mente científica".
Ok, mas o que isto tem a ver com o misticismo? Tente voltar no tempo 33 séculos atrás e falar de magnetismo, ótica, gravidade...
Para qualquer povo que desejasse expressar a sua fé a um deus, porque não mostrar que o verdadeiro Deus era como o Sol:
Você o sente, sabe que Ele existe, mas não pode tocá-lo;
Mas Ele toca todos os seres e proporciona à vida a todo o planeta, sem discriminação;
Sua forma geométrica, mostra que ele é uma unidade e possui infinitos lados, assim como os seus atributos;
Seu poder é tão grande que você não pode olhá-lo fixamente;
Sua órbita dita todas as estações do ano;
Nele você encontra toda a Luz, a Vida e o Amor, etc...
Foi do Egito que os termos "luz" e "conhecimento" foram relacionados, graças a Akenaton. E tem mais, Akenaton fundou uma escola para que homens e mulheres tivessem o mesmo direito de estudar e conhecer as leis da natureza, da vida que existia, graças a Ra (Sol).
Que símbolo melhor para sintetizar tanta ciência e tanto conhecimento de forma tão simples que se você começar a refletir sobre quantas coisas isto pode representar... não vai conseguir terminar.
Como todo místico, Akenaton mostrou que cada ser humano tem uma compreensão individual ao olhar para Ra e que assim como a sombra (dúvida) de uma pessoa é diferente de outra, assim também a busca pessoal de cada um pela verdade é também única, mas todas levam à mesma luz que forma a sombra (dúvida).
É como eu disse lá no começo: O misticismo e a simplicidade de pensar andam de mãos dadas...
Uma Paz Profunda!
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