segunda-feira, 17 de abril de 2017
Como escolher uma distribuição Linux? - Atualizado em 19-Jul-2017
O conceito de "distros" e o número incrível de diferentes distribuições disponíveis pode ser esmagadora para o novo usuário. Para ajudar a entender, explorar e escolher uma distribuição (ou simplesmente distro), vou mostrar aqui uma visão geral e algumas explicações curtas de tais distribuições.
Simplesmente chegar e dizer que tal distro é melhor ou mais indicada que outra, eu penso que é forçar um pouco a barra. Existem centenas de distros excelentes que podem ou não agradar o usuário, e não é por estas serem ruins ou complicadas, muitas vezes tem a ver com a estética ou com o fato de ter ou não certos aplicativos, etc.
É impossível agradar todo mundo (tanto que novas distros estão sendo lançadas o tempo todo!), principalmente tratando-se de um sistema que além de livre também tem o código aberto para qualquer usuário modificar ao seu gosto.
E vamos ser honestos: Para quem vem usando o Windows há muito tempo, estranha esse tsunami de liberdade e possibilidades de configurações e de variados aplicativos, ambientes, gerenciadores de arquivos, etc. Contudo, essa liberdade não é uma exclusividade do Linux, distros BSD também não ficam a dever...
Então eu vou tentar dar uma luz sobre uma coisa que muitos me perguntam e que parece fazer muitos usuários pensarem que o Linux é um sistema que todo mundo mete a mão, ou que não há um verdadeiro sistema Linux, pois todas as distros são cópias modificadas de alguma outra distro...
Só que a realidade é outra! E quem costuma afirmar isso, sempre cita o Windows como "exemplo" (até parece...), por haver um certo "padrão" nas versões...
O negócio é que softwares proprietários tem motivos de sobra para não serem muito flexíveis: A empresa quer obter lucro e não aumentar as despesas criando diversas opções para os usuários, pois cada mudança tem que ser registrada, patenteada e possuir um suporte técnico para eventuais incompatibilidades já que o produto foi vendido. Isso além do custo em pesquisas, marketing, etc.
Algo que é completamente diferente de um sistema livre e de código aberto: Há uma enorme comunidade colaborativa e formada por inúmeros profissionais em TI (muitos destes trabalham em empresas como a Google, Microsoft, IBM, Apple, Dell, Intel, AMD e até o pessoal da NSA).
O Linux (e outras variantes Unix) chegaram aonde chegaram pelo mérito de possuir um Kernel que sobre este monta-se uma distro segura, estável e que estão rodando em 90% dos servidores!
Não há uma necessidade de investir em marketing para o Linux subsistir. É claro que algumas distros são pagas (não o Linux), mas apenas o custo da mídia em que está gravada, custos com embalagens, postagens, fretes, etc. Em alguns casos os autores pedem uma contribuição pelo esforço e pela manutenção da página oficial da distro para darem o suporte e poderem melhorar cada vez mais.
Há também o caso do Red Hat que tornou-se uma distro proprietária, e a então distro Linux deixou de ser código aberto. Mas para não deixar ninguém na mão, lançou o Fedora como a versão livre do Red Hat. E se você pensa que isso deveu-se à ganancia, está enganado. Eu posso afirmar que quem mais contribuiu para essa mudança foi a Microsoft!
Ao longo de anos a Microsoft vinha criticando o Red Hat em ser usado nos servidores (muitas empresas de peso usavam o Red Hat no lugar do Windows Server ou junto com este). Apesar da caríssima licença do Windows Server, muitas empresas não abriam mão do Red Hat e a Microsoft criava caso pois esta alegava que se algo não desse certo o seguro dela sobre eventuais perdas estaria comprometido. O negócio é que este seguro nem sempre compensava as perdas de dados por quem acreditava na estabilidade e segurança do Windows Server. E a Microsoft vivia enchendo o saco dizendo que esta dava todo o suporte necessário, fosse o que fosse preciso...
Não deu outra: Se o Red Hat quisesse acabar com esse drama e dar o suporte completo e seguro, este deveria abandonar o código aberto e tornar-se proprietária do sistema, no caso o Red Hat Enterprise Linux (RHEL). O Fedora surgiu como a "versão" ou distro sucessora e livre. Foi aí que a Microsoft quebrou a cara de vez! Uma licença anual do Red Hat era mais barata que uma licença mensal da Microsoft...
Hoje em dia muitos usuários pagam o Red Hat, pois se você precisa de um driver, ou se você compra algo e quer usá-lo no teu Linux o Red Hat desenvolve do zero (caso não exista) e te manda prontinho com todas as explicações... Deu um bug ou perdeu algo? O Red Hat faz a manutenção direto online, a tua privacidade faz parte do contrato.
E então voltando ao tema principal, há uma coisa que parece não está muito clara na cabeça de muitos usuários: Sempre tem alguém me perguntando: "afinal o que significa a distro tal é baseada em tal distro?". Bem, eu vou tentar dar uma luz...
Uma distro do GNU/Linux é um conjunto de software selecionado, organizado de uma certa maneira, projetado para atender a uma necessidade específica. Uma distro é muitas vezes um sistema operacional completo que está pronto para ser usado. Algumas das distros mais populares são: Debian, Ubuntu, Mint, Fedora, Red Hat, SUSE ... e assim por diante.
Existem centenas de distros listadas no distrowatch hoje. Não admira que a tarefa de escolher uma distribuição parece bastante assustadora! Não entre em pânico, não é tão caótico como pode parecer.
Na verdade, existem apenas algumas distros importantes e muitas distros baseadas nelas. As três distros mais influentes são: Debian, Fedora e Slackware. Quase todas as distros lá fora são baseadas em um destas três!
Há também três grandes distros comerciais que se beneficiam de um monte de mão de obra de profissionais dedicados e são implantados em um grande número de plataformas de nível empresarial. Não é uma surpresa que essas distribuições sejam derivadas das três distribuições citadas anteriormente: o Ubuntu (apoiado pela Canonical Inc. é baseado no Debian), o RHEL (apoiado pela Red Hat Inc. é baseado no Fedora) e o SUSE (apoiado pela Novell Inc. É baseado no Slackware). Mas o que significa ter uma distro "baseada" em outra?
Deixe-me explicar melhor.Todo o Software Livre pode ser usado por quem quiser usá-lo. Existe uma enorme quantidade de Software Livre disponível e está em constante evolução. Uma distro qualquer, irá escolher alguns desses softwares e criar um repositório específico deles (algo como um armazém de software). O repositório de qualquer distro é um subconjunto de todo o Software Livre e de Código Aberto disponível. Quando digo que uma distro se baseia em outra, isso significa que ela se construirá em cima das escolhas já feitas por outra distribuição.
Para fazer uma comparação, imagine que, em um supermercado, você pode comprar um sabor de sorvete ou uma caixa com vários sabores. A caixa com vários sabores é uma "distribuição" dos sabores disponíveis. Alguém também pode fazer uma caixa contendo várias caixas de vários sabores, com base nas caixas disponíveis de vários sabores. A segunda caixa é "baseada" nas caixas de vários sabores, você pode ampliar essa analogia à uma série de frutas e vários tipos de compotas de doces feitos dessas frutas, ou saladas de frutas se preferir...
Ainda comigo? Então vamos voltar para o GNU/Linux! Para deixar as coisas claras, dê uma olhada na árvore abaixo. Estas são as 50 distribuições mais populares hoje e suas relações umas com as outras.
Todos eles usam software do GNU e do Kernel do Linux para que todos eles compartilhem esses repositórios de software. À direita estão as distribuições mais influentes e seus derivados populares. À esquerda são distribuições independentes que também estão entre as 50 distribuições mais populares de acordo com o Distrowatch, lembrando que esta popularidade dá-se pelo número de visitas às páginas de cada distro e não em quantidade de volume de downloads. As 10 principais distribuições estão escritas em negrito. A partir desta árvore você pode facilmente ver que algumas distribuições criam muito mais sinergia do que outras. Para escolher a distribuição certa para suas necessidades, você tem que considerar algumas coisas. O mais importante é saber o que você quer do teu computador. A segunda coisa que você deve considerar é quanto apoio você pode obter da comunidade em torno dela (o mais popular é uma distro, que tem a maior comunidade por trás dela). Se você está considerando o GNU/Linux para uma empresa ou para uso profissional, leve em conta o suporte profissional disponível. Então aqui vai minhas recomendações:
1. Você não é um especialista em computadores, você só quer instalar um sistema operacional de um CD e usá-lo para tarefas comuns? Eu recomendo: Ubuntu, Mint, Mageia, openSUSE, PCLinuxOS, as outras que já constam aqui no blog como populares... Essas distribuições são fáceis de instalar, intuitivas e orientadas para desktop, com uma grande comunidade que pode fornecer suporte quando necessário.
2. Você gosta de mexer com computadores e quer controle e flexibilidade? Eu recomendaria: Debian, Fedora, CentOS, Slackware, Arch, Gentoo ... Essas distribuições são um pouco mais "complexas" para instalar e personalizar, mas elas dão muito controle sobre o seu sistema. Mas calma lá... Eu não estou dizendo que estas distros são aquele bicho-papão!
Deixa eu fazer umas considerações:
Desta lista eu diria que o Slackware é a distro mais "tradicional" em termos de manipulação do Linux, esta exige uma afinidade com o pinguim (como se você ainda estivesse nos anos 90), instalação do sistemas, de pacotes, atualização, e muita configurações são realizadas via shell. Ou seja, muita coisa é feita através de comandos digitados. Por exemplo, você quer instalar um aplicativo, então você baixa o código fonte dele, descompacta, compila e instala tua via comandos, pronto! Isso não quer dizer que o Slackware não tem uma interface gráfica como as das outras distros, tem sim! mas a filosofia do Slackware não é aquela de clicar e ir apertando próximo, próximo,..., concluído. Talvez agora você entenda porque há muitas distros baseadas no Slackware.
Já no caso Fedora (ex-Red Hat) a maior diferença está no tipo de pacote usado para instalar os aplicativos (este usa pacotes .rpm enquanto o Debian usa .deb). Contudo, se voltarmos lá atrás havia uma acirrada disputa entre qual das duas distros era melhor : Red Hat usando o ambiente KDE e Debian usando o ambiente GNOME como padrão (é claro que o usuário poderia trocar de ambiente ou usar ambos).
Continuando, lá no começo o KDE era meio que o "patinho feio" em relação ao GNOME, realmente havia essa diferença contudo, o KDE possuía (como até hoje) uma gama de ferramentas incríveis, como por exemplo o Konqueror, um gerenciador de arquivos que também é navegador, editor de imagens, tocador, visualizador, editor de textos, planilha, terminal, etc... foi utilizado como padrão até a versão 3.5.10, mas no KDE4 foi substituído pelo Dolphin. Contudo o Konqueror continua presente nas distros que usam o KDE, até porque de obsoleto este não tem de nada! Talvez agora você entenda porque há muitas distros baseadas no Fedora.
Já o Debian tem a filosofia de não usar softwares proprietários, ou seja tudo nele tem que ter o código aberto. Fora isso, a instalação e outras configurações são tranquilas, isto não quer dizer que você não possa instalar algum aplicativo proprietário (mas seria uma heresia...). Talvez agora você entenda porque há muitas distros baseadas no Debian.
É claro que essa realidade de "diferenças" já não é mais a mesma que antes mas é o motivo de tantas distros Linux "baseadas" terem surgido...
3. Você está procurando uma distribuição segura e confiável que possa ser instalada em um grande número de computadores e receber suporte profissional quando necessário? Eu recomendo: Red Hat Enterprise (RHEL), Ubuntu ou SUSE.
4. Você valoriza a liberdade e o uso de um repositório exclusivo do FOSS? Tente Trisquel, gNewSense, Blag ou qualquer uma das distribuições listadas (aqui).
5. Você não está em uma das categorias acima? De uma olhada no Distrowatch. Lá você pode escolher uma distribuição com base em critérios que você especificar. É uma ótima maneira de descobrir novas distribuições e ficar surpreso com as extensas opções que o Software Livre pode lhe dar. Aqui você pode escolher uma distribuição que irá atender necessidades específicas, como por exemplo: segurança, privacidade, telefonia, jogos, multimídia ... e assim por diante.
Aqui embaixo tem um exemplo das características que são mais e menos relevantes de algumas distros. Quanto mais próximo da borda, mais completa ou forte é esta característica:
É sempre bom lembrar que uma distro baseada em outra não significa que esta seja inferior, apenas que o seu autor aproveitou o que já é excelente e incorporou "novos" elementos com um toque pessoal.
Um exemplo é a distro Knoppix que é uma distribuição GNU/Linux baseado no Debian projetada para rodar diretamente em um CD/DVD (Live CD), pendrive (Live USB), e a partir desta distro muitas outras passaram a usar essa implementação de rodar o Linux direto da mídia removível para testar e ver como ela é sem a necessidade de instalá-la primeiro para isso (como era antes). Eu atrevo-me a dizer que a partir do Knoppix muitos desenvolvedores e entusiastas do Linux e BSD foram estimulados a lançar cada vez mais um número maior e mais variado de distros, além de facilitar a vida dos usuários menos experientes e ainda presos ao modelo da Microsoft, o Windows, isso sem contar com a enorme ajuda que estas distros Live CD/DVD/USB vieram proporcionar aos técnicos de manutenção, estudiosos, professores e pesquisadores usando distros com conteúdos específicos para um determinado fim ou propósito.
É provável que o leitor já venha com a clássica pergunta: "Qual é a melhor distro então?". Deixa eu fazer uma outra analogia: Eu nunca fui a Las Vegas (EUA), e mesmo que eu tivesse nascido lá, seria muito difícil dizer qual é o melhor cassino de lá. Todos os cassinos lá são luxuosos, lindos, confortáveis, atraentes, possuem atrações exóticas, festas incríveis, etc. Mas cada cassino tem a sua beleza própria, a sua identidade que destaca-o dos outros... A diferença é que no cassino você quase sempre perde dinheiro, e no Linux você não perde nada pois este é grátis!
Da mesma forma é o que acontece entre as distros Linux. Somente o usuário pode definir o que é bonito, agradável, seguro, prático, amigável, etc e aliado as inúmeras possibilidades de configurações pessoais.
Eu espero que isso ajude você a entender e estar ciente de que usar o Linux não é ficar amarrado à uma distro em particular, pois é muito comum mudar de distro sem preocupar-se com o diretório do usuário (/home). Isso não quer dizer que as distros tendam a ficarem "ultrapassadas", mas é porque o ser humano nunca está satisfeito e o Linux permite que novos sabores sejam experimentados, tornando-se assim um sistema que só traz prazer ao usuário que dificilmente sentir-se-á entediado.
Espero ter te ajudado.
terça-feira, 4 de abril de 2017
Deepin
Deepin (anteriormente Linux Deepin, Hiweed GNU / Linux) é uma distribuição baseada em Debian (foi baseada no Ubuntu até a versão 15 lançada no final de 2015), que visa fornecer um sistema operacional elegante, fácil de usar e confiável. Esta não inclui apenas o melhor que o mundo de código aberto tem para oferecer, mas também criou seu próprio ambiente de desktop chamado DDE ou Deepin Desktop Environment, que é baseado no kit de ferramentas do Qt 5.
Deepin concentra grande parte de sua atenção no design intuitivo. Suas aplicações caseiras, como Deepin Software Center, DMusic e DPlayer são adaptadas para o usuário médio. Sendo fácil de instalar e usar, Deepin pode ser uma boa alternativa Windows para escritório e uso doméstico.
Então vamos lá:
O Deepin é uma distro visualmente simples e bem limpa, mas isto não quer dizer que seja uma distro "meia-boca" ou que fique a dever, pelo contrário.
Como sempre tratando-se de Linux, há "sabores" para todos os gostos, e tem muita gente que quer uma distro simples, prática e sem muita frescura, mas com todo o poder que uma distro baseada em Debian pode fornecer. E é isso que o Deepin faz!
Como dito antes, o Deepin traz o seu próprio ambiente de desktop DDE, e como todo usuário Linux já deve saber, "ambiente" está mais para "perfumaria", pois os aplicativos que esta distro trás são muito bons.
A instalação é fácil e amigável, portanto não há necessidade de mostrá-la aqui.
Logo de cara dá para perceber que o lançador do Deepin é no estilo dock bem conhecido por muitos usuários principalmente do OS X.
O lançador (ícone à esquerda do dock) possui duas formas de apresentar os aplicativos. Vejamos então.
Na forma acima,todos os aplicativos serão mostrados, e se forem em número maior do que podem ser mostrados uma barra lateral aparecerá para deslizar a tela. Esta forma é ideal quando o usuário não usa muitos aplicativos e pode ter acesso a todos os aplicativos numa só olhada.
Esta outra forma já mostra os aplicativos divididos em categorias, o que é muito útil quando se tem muitos aplicativos.
Independente disso, o usuário pode adicionar ou remover os aplicativos preferido no próprio dock. E falando no mesmo...
Basta clicar no ícone para ter acesso às informações como no caso dos dispositivos instalados.
O mesmo vale para as redes sem fio...
Detalhes sobre a data e hora. A lixeira e o botão de desligar já são bem óbvios.
O gerenciador de arquivos é bem limpo e prático. Não gostou? Reconfigure-o ou instale outro do seu gosto, afinal aqui é Linux.
E o resto? Bem, com um único clique no botão direito do mouse, na área de trabalho você chega lá!
E é aqui que você acessa bem rápido as configurações do sistema.
Mais prático que isso não tem. Cada ícone da coluna tem diversas opções de configuração, desde os dados do usuário até a atualização do sistema para quem não gosta de usar o Shell.
Pois é galera, o Deepin não é um Linux "xinguilin", apesar de ser uma distro chinesa, não fica nada a dever pois usa um novo ambiente e é original!
Baixe-a (aqui).
Espero que tenham gostado!
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