O ser humano acaba sempre relacionando a Deus tudo aquilo que lhe é desconhecido e muito do que já o é do seu conhecimento.
Nenhuma personalidade foi até hoje tão falada ou descrita quanto Deus. Em todas as religiões, em todas as filosofias, em todas as formas de conhecimento, sempre o ser humano tentou simbolizar ou representar em palavras alguma coisa que traduzisse a natureza, a origem ou os atributos de Deus; o que a Deus exclusivamente lhe cabe e o que a nós é reservado.
É muito comum ouvirmos pessoas dizerem que quando não conseguem obter determinado sucesso - seja em que empreendimento ou atividade for – quando a sua vida não se encontra do jeito que as mesmas gostariam, tais pessoas sempre tendem a repetir o mesmo argumento justificador como causa de suas infelicidades, que é: “é a vontade de Deus.”.
Quando algum infortúnio ocorre, seja acidente, transição (é assim que chamo o fenômeno da morte), perda pessoal de qualquer natureza ou que manifeste qualquer tipo de sofrimento, sempre por detrás de tudo, existe a vontade de Deus: seja porque Ele determinou ou, porque era assim que Ele queria... Exceção é claro, quando estes infortúnios são causados pelo livre-arbítrio de um indivíduo.
Um bom exemplo pode ser o daquela pessoa que pega as suas economias e perde toda em jogos de azar. Ninguém iria atribuir o seu infortúnio a Deus, mas sim, a irresponsabilidade ou imaturidade desta pessoa em ser tão gananciosa; o máximo que poderiam alegar é o de esta pessoa teve um castigo como fruto dos seus atos; do mesmo modo, se esta mesma pessoa vive dizendo que não precisa fazer check-ups regulares, que a sua vida vai muito bem e nada lhe pode acontecer, e ocorre-lhe algum problema de saúde, com certeza o médico que a assistirá, seus parentes e conhecidos, dir-lhe-ão: “- por que você não fez uns exames de vez em quando?”, mais uma vez, a responsabilidade é da pessoa, pois ela brincou com a própria vida ao ignorar qualquer serviço de saúde público ou privado.
Não obstante, quando ocorrem acidentes “involuntários”, sejam eles por fenômenos meteorológicos ou que envolvam um notável número de vítimas, as pessoas dizem a si mesmas e aos outros: “foi o destino”, “- já estava na ‘hora’” ou “- Deus assim o quis”. Quando ocorre o caso de uma tragédia em que, uma ou outra criança é salva sob circunstâncias tão difíceis, todos dirão: “- foi Deus quem quis salvá-la” ou que, “- foi um milagre de Deus.”.
Por isso eu pergunto a você: por que as pessoas falam de Deus nas mais diversas línguas, dão-lhe os mais diversos nomes, atribuem-No as mais diversas virtudes, contudo, apontam-lhe o dedo como sendo o eterno carrasco, o vingador ou o justiceiro, mesmo quando nós mais queremos ou precisamos de algo, Ele tira-nos o que tanto necessitávamos, apesar de inexoravelmente Ele ter as mais puras virtudes...
Por que será que a humanidade fala tanto de Deus e de tudo aquilo que se relacione a Ele, mas, no momento em que o ser humano tem de olhar a vida de frente, apenas algumas coisas ele atribuí-las ao efeito do seu modo de pensar, do seu livre-arbítrio, da sua responsabilidade?
Por que sempre que o ser humano desconhece a razão de alguma coisa, ele tem que escolher um “bode expiatório”, e, quem mais conveniente senão Deus!
Para disfarçar a eterna sentença que é atribuída ao Criador, inventaram o diabo, satanás ou qualquer outro nome que tenha o mesmo significado.
Entretanto, vem aquela pergunta clássica: “por que existe o diabo?”. A resposta todos nós já sabemos: “- é a vontade de Deus” (já que convenientemente Ele expulsou um “anjo rebelde”, e com tanto lugar neste universo, ele achou que a Terra era perfeita !!!).
Como é que até hoje a humanidade – que se diz tão esclarecida e evoluída consegue conviver com este gigantesco paradoxo?: Como podem bilhões de seres inteligentes e autoconscientes admitem que o Criador de tudo, seja ao mesmo tempo, infinitamente sábio, amoroso, justo, verdadeiro e eterno, porém, faz questão de ser também, carrasco, déspota e sádico ao apontar o seu dedo à Sua imagem e semelhança, levando-a o infortúnio, a infelicidade e a dor?
Acredito que você aqui presente silenciosamente negue que age ou pense desta forma. Não obstante, quem irá negar que jamais tenha pensado ou falado: “- meu Deus por que fizeste isto comigo?”, ou “- eu não mereço isso meu Deus!”, ou “- meu Deus por que me desta esta cruz para carregar?”, ou ainda, “- conforme-se pois é a vontade de Deus!”.
Será que é tão difícil o ser humano olhar para si mesmo – tem tantos espelhos por ai – e dizer:
“- o que é que eu tenho feito de certo e de errado?”; “- como é que está a minha consciência?”, “- o que é que eu fiz para a minha vida valer à pena?”; “- que uso construtivo, curativo e criativo eu fiz dos meus conhecimentos para o bem da humanidade e pela glória do Criador?”; “- até onde eu estou representando esta imagem e semelhança de Deus?”; “- até que ponto eu estou sendo útil à finalidade que Deus colocou-me aqui?”.
Parece até piada, mas quem olhar com toda a franqueza e intimidade a si mesmo, irá ver e reconhecer que, o que acontece – ou deixa de acontecer - na sua própria vida, é porque assim o quis – quer esteja consciente ou não. Se o ser humano fosse um ser irracional; se o ser humano não tivesse consciência de si mesmo; se o ser humano não sentisse que há em si uma consciência superior quando se recolhe ao silêncio, e que essa consciência transcende à consciência objetiva (seus 5 sentidos); que sente em si mesmo que o é alguma coisa mais do que um simples ser vivo... Então, por que será que é tão difícil o ser humano tomar vergonha na cara de que ele é a causa e o efeito do há na sua vida!
Por que será que o ser humano é a mais evoluída espécie deste planeta?; Por que será que lhe foi dada a autoconsciência?; Por que será que foi lhe dado o livre-arbítrio?.
Se Deus quisesse controlar as nossas vidas, não teria nos dado o livre-arbítrio, mas se o temos, foi porque Deus primeiro, organizou matemática e logicamente todo o universo, toda a sua Criação; projetou as Suas Leis, leis essas, perfeitas e que com as quais não temos com o que nos preocupar, pois, possuem a essência construtiva, curativa e criativa Dele.
Tudo o que nós fizermos ou deixarmos de fazer na nossa mente determinará como será a nossa vida. Muitos ainda acreditam que o mais importante são os atos e não os pensamentos – por ser o primeiro, visível a todos – quando na verdade, os atos sucedem os pensamentos.
A falta de esclarecimento do real funcionamento da mente, faz a grande maioria das pessoas ignorar as importantes e poderosas criações na própria vida, sendo estas constantemente realizadas pelas autossugestão que cada um faz.
É neste ponto que lanço a seguinte pergunta: “- Pra que é que serve Deus?”. Será que Ele nos serve apenas para vivermos a vida repetindo inúmeras vezes o quanto Ele é infinito, onipresente, onipotente e onisciente?; Ou para falarmos dos Seus maravilhosos atributos como o amor, a paz, a perfeição, a justiça e a verdade e também, para falarmos de que pela vontade Dele alguém passou pela transição, certo acidente aconteceu, determinada empresa faliu, as coisas não andam bem e etc.
Está mais do que na cara de que há uma tremenda confusão (ou distorção) sobre Deus, porque ao mesmo tempo em que o ser humano eleva o seu pensamento a Deus e O glorifica, O adora e que procura sempre a comunhão com Ele, também, Ele é geralmente a primeira coisa que vem à consciência quando, algo acontece e não agrada, mesmo quando se atribui estes “malefícios” ou “azar” ao diabo, contudo, antes mesmo de dizer que tal coisa foi obra do diabo, o ser humano pensa logo – quase automático – “- meu Deus por que isto aconteceu?”, ou “- meu Deus por que Você fez isto comigo?”.
Agora, cá entre nós, por que Ele é quem deveria fazer? Somos nós que buscamos o nosso próprio destino, somos nós que construímos o nosso futuro, futuro este que é o resultado do que nós plantamos a cada momento do presente.
Nós somos verdadeiros construtores mentais, e o que existe é a expressão viva do pensamento coletivo da humanidade, a vida é fruto do que cada um pensa, do que cada um determina, tanto para si como para a humanidade como um todo.
Toda a natureza está a nos dar o exemplo de como as Leis de Deus, as Leis Cósmicas operam. Como a natureza trabalha em harmonia é a forma como Deus colocou à nossa frente o exemplo de como nós podemos nos harmonizar em Luz, Vida e Amor.
Ao invés de procurarmos passar uns por cima dos outros, ao invés de despertarmos o orgulho e com ele os seus afilhados que são o ódio, o egoísmo, a inveja, a vaidade e a avareza, o ciúme e a cobiça, etc... É, ninguém é santo aqui na Terra.
Por quê não perguntarmos a nós mesmos: “- o que é que eu devo fazer para ser hoje um ser humano melhor do que eu era ontem?” e “- o que é que eu preciso fazer para ser amanhã um ser humano melhor do que sou hoje?”.
Pode até parecer difícil viver sem estas qualidades orgulhosas que são apenas o fruto do quanto nós ainda somos inseguros na presente encarnação (ou se preferir a vida que você leva hoje).
E aqui mais uma vez eu pergunto a você : Quem foi que criou as qualidades orgulhosas ou despertou-as em cada um de nós? Resposta: Fomos nós mesmos observando o próximo e comparando-o conosco, nos sentidos inseguros e insatisfeitos por não termos as mesmas coisas; não sermos queridos por quem desejávamos; por queremos ser os primeiros em posses, status e sabedoria, e para não perdemos esta condição, não devemos compartilhá-las, etc...
Enfim, como a verdade e simples: Vivemos falando de justiça, liberdade e democracia. Contudo, somos os primeiros a apontar o dedo ao nosso próprio Criador por não conformarmo-nos com as condições que nós mesmos pedimos para tê-las.
Nestas horas o ser humano esquece de que tudo o que lhe passa na sua mente, passa na Mente de Deus; quando o ser humano pensa, Deus está pensando, e que o nosso pensamento é parte do pensamento Dele.
Não que isto queira dizer que o que Ele tenha pensado nós apenas o tenhamos registrado, mas sim que, nós usamos a Mente de Deus; que a “nossa” mente não é nossa, e sim Dele. Nós a usamos para tornarmos conscientes de quem nós somos, de qual é a nossa finalidade aqui na Terra, qual é a importância que temos nesta encarnação e em que objetivo devemos nos esforçar para atingi-lo.
O que será que faz o ser humano sempre olhar para fora si e não para dentro de si? É interessante lembrarmos que os Grandes Mestres e também todas as mentes iluminadas que já passaram pela Terra, em suas devidas encarnações, sempre ressaltaram o verdadeiro caminho à sabedoria. Um disse: “- Homem conhece a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”, outro falou: “- O Reino dos Céus está dentro de vós.
Por que o ser humano persiste em tratar a si mesmo como um ser tão medíocre, tão insignificante, tão despreparado e tão desqualificado, apesar de falar tanto da sua paternidade divina, e dos seus atributos relativos a Ele? Porém, faz questão de viver eternamente esperando que Deus não decida por nós qualquer coisa que nos cause amargura, tristeza, infelicidade e sim que, Ele traga-nos alguma coisa que possa nos alegrar, enaltecer, fazer-nos felizes e principalmente ricos e saudáveis...
Mais uma vez, eu pergunto: “- pra que é que serve Deus?”. Será que tudo o que nos acontece tem o dedo Dele?; É Ele então que coloca-nos na pobreza ou na riqueza, na saúde ou na doença, na felicidade ou na tristeza, nos píncaros do sucesso ou no abismo dos fracassos?
O que será que determina nascermos ricos ou pobres, aleijados ou em perfeito estado físico, termos tudo o que quisermos à nossa volta ou vivermos na miséria sob constantes sacrifícios?
O que será mais difícil respondermos: pra que é que serve Deus? Ou, para o que é que nós servimos a Ele? Afinal de contas, se Deus encontrou alguma razão para nos criar, com certeza não foi para vivermos dependendo da misericórdia Dele, como uma imagem e semelhança incapaz de administrar o seu próprio livre-arbítrio, e que se vê como um mero fantoche, cuja vida esconde algumas cordinhas que os movem de um lado para o outro; ou como um barco que flutua sobre o oceano chamado vida, e sendo jogado por marés desconhecidas, ora para a tormenta, ora para a calmaria.
É essa a finalidade última que um Ser Onipotente, Onipresente e Onisciente e com infinita inteligência ter-nos-ia reservado? É esse então o nosso destino eterno? Se for assim, este autor só saberá dizer uma coisa: “Ou Deus é muito burro, ou é muito inteligente para saber o que adiantará a vida ser deste jeito.” (não há meio-termo). Particularmente, de burro mesmo só o ser humano que vive sem ter noção do seu propósito aqui na Terra.
Não é mais lógico o ser humano parar de ficar repetindo por qualquer coisa: “- meu Deus”, mas, chamar (ouvir) o seu “Mestre Interior” (ou “Eu Interior”), ou então, dizer a si mesmo: “- o que é que eu andei pensando?”; “- o que é que eu tenho feito pela glória do Criador e pelo engrandecimento da humanidade?”.
Será que devemos acreditar que tenha sido um mero capricho incluir nas mais diversas literaturas sagradas, uma exortação semelhante a: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão!”.
Já está mais do que na hora de tirar o nosso amado Deus, o Deus do nosso coração e da nossa compreensão, do banco dos réus”. Olhe bem em volta de si mesmo e deste Universo, contemple toda esta maravilha e responda para si mesmo: “- Estou sendo justo com o meu Criador?”.
A todos, uma Paz Profunda!
Teosofia detectada.
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